sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

pesquisa, memoria


fragmentos de textos de pesquisa

"artefatos de memória seriam informações contendo algumas significações (implícitas e explícitas) possíveis de serem detectadas como marcas/vestígios,construção de representações latentes no universo das mídias;uma memoria constantemente ressocializada por efeito da comunicação midiática contemporânea. uma memoria midiatizada. o conceito de memória é uma das possibilidades de se analisarem os discursos sociais, os discursos sociais são necessariamente semioticos e híbridos , sao representações do material e do simbólico.”


“ os ‘artefatos de memória’ seriam parte das representações mentais compartilhadas a percepção e cosntrução da realidade.
Os artefatos de memória são fragmentos informacionais mantidos pelas culturas, veiculados ou não pelas mídias, que permitem a construção dos padrões de memória. Os primeiros são idéias compreendidas, quase sempre de modo obscuro e subjetivo, como dados de origem, impressões do passado, raízes etc. Os segundos consistem em estruturas operacionais dos primeiros, formas de pensamento mais complexas e organizadoras do tecido social. São crenças estruturadas, instaladas nas redes intersubjetivas, comunicadas entre seus sujeitos, validadas e vivenciadas como se fossem naturais.”
……….

Frances Yates (1966; 1975), autora de “arte da memória”, explicou que se referia a um fenômeno que contribuiu para a formação da cultura ocidental nos últimos 2.500 anos. Antes da chegada da impressão, e antes mesmo que se pudesse tomar notas, para retransmitir mais tarde oralmente ou por escrito, foi desenvolvida esta técnica entre os mais cultos, a fim de conservar ou escrever de memória e com precisão sobre um assunto determinado.
Durante muito tempo, a memória foi entendida como algo mágico, logo, um segredo dos protegidos dos deuses greco-romanos.
Mais tarde, foi também associada à cosmogonia cristã e pagã.
No medievo, foi associada às representações do simbólico, da transcendência atemporal do ser e das coisas. A idéia fundamental da ‘arte da memória’ reside no princípio de associação entre as palavras ou conceitos aos lugares e às imagens. Trata-se de uma mneumotécnica arquitetural, porque estabelece uma ligação entre as partes de um todo; tomando-se, por exemplo, um prédio, uma cidade - lugares e imagens -, um discurso ou qualquer outra coisa que se deseje reter ou guardar na lembrança. Estas construções lógicas permitiram sensivelmente a expansão das possibilidades mentais.

A oralidade e a imagética, apontadas pela autora, não se vinculariam às necessidades de comunicação interpessoal em sociedades pré-letradas?

E se, em nosso tempo, o da sociedade de massas, a necessidade de uma ampla comunicação rápida e, por vezes, instantânea tiver gerado modos de construção próprios – humanos e maquínicos – de se construir artefatos e padrões de memória?"


Jacques Le Goff (1977; 1988),

"Ao contrário de um museu que pretende explicar e classificar os seres e objetos do mundo",

“, Boltanski põe em evidência a construção de um saber que se articula em torno de certas informações selecionadas e justapostas. Desse modo, parodia a lógica da ciência, revelando ainda o caráter ficcional e provisório do conhecimento.

Assim, tanto Boltanski quanto os outros artistas e escritores citados apontam para esse gesto taxonômico que organiza a nossa experiência e a nossa leitura dos signos.

Ao quebrar com as certezas que garantem a interpretação, Boltanski parece dizer nos termos de Foucault que "é com base nessa ordem, assumida como solo positivo, que se constituirão as teorias gerais da ordenação das coisas e as interpretações que esta requer" (op.cit.:10).

E nessa medida desfaz a teia de certezas que nos orienta, abrindo fissuras nas malhas que garantem a nossa interpretação dos seres e das coisas que nos rodeiam. Nesse sentido Boltanski desestabiliza as referências, utilizando dessa negatividade para chamar atenção sobre questões em torno dos códigos ordenadores e dos esquemas perceptivos que organizam a nossa leitura e segundo os quais se constitui o nosso saber.


A problemática levantada pelo museu imaginário é exatamente a da abolição da dicotomia e da hierarquia, e a possibilidade do estabelecimento de um diálogo que reúne Oriente e Ocidente, pintura e escultura, filme e pintura, e até mesmo as mais modernas técnicas audiovisuais que permitem a difusão da arte, como aponto em L'Homme Précaire et la Littérature, remetendo para o futuro. É nesse sentido que posso interpretar o museu imaginário como uma "aventura", adventura, aquilo que vai acontecer, ainda e sempre em processo de enunciação, o que o particípio futuro ativo latino me leva a compreender."


Nenhum comentário: